#4 Você vai querer saber disso… ou não!
Mas ainda sim irei falar sobre dor de perder as pessoas queridas.
Eu, como a grande maioria das pessoas, não sei lidar com finitude da vida.
Desde abril deste ano, minha sogra foi diagnosticada com um câncer e infelizmente faleceu ontem (01/12/22).
A morte é a única certeza da vida, mas mesmo assim, é algo de que não queremos falar, um assunto que evitamos a todo custo. Eu que não sei (e não quero) lidar com a morte, me vi diante da necessidade explicar algo tão doloroso e difícil para uma criança de 3 anos, meu filho.
Eu fiquei perdida, empaquei, porque como explicar para uma criança de 3 anos, que ela não vai ver mais a vó Rita, a vó Rita que sempre esteve tão presente, a Vó Rita que ele ama tanto não estará mais aqui.
Fui em busca de ajuda profissional, marquei uma sessão de terapia com a minha ex terapeuta, porque eu precisava de orientação para tratar de um assunto tão triste com uma criança e chegando lá, para minha surpresa, não era só para meu filho que eu buscava palavras de conforto e sim para mim.
O primeiro contato mais próximo que tive com a morte, foi quando um tio faleceu, na época eu tinha uns 16 anos, ele também teve câncer e passou por um tratamento longo e doloroso, lembro de ficar muito triste, mas entender.
Após 3 anos da morte do meu tio, foi a minha vó que faleceu, depois de anos doente, “descansou” (como todos disseram) doeu tanto quanto na morte do meu tio, mas me conformei, entendi.
Mas quando perdi minha melhor amiga, tudo que eu achava que entendia sobre morte e o processo de luto, foi por água abaixo, não me conformei, não aceitei.
Ela teve câncer e morreu com apenas 27 anos.
Faz quase 10 anos que minha amiga morreu e ainda dói como se tivesse sido hoje, a dor que senti no momento que escutei a mãe dela chorando ao telefone, dizendo que ela não podia atender.
Quando descobrimos que minha sogra estava doente e que provavelmente era câncer, um alerta se acendeu dentro de mim, rezei muito pedindo a Deus que não fosse câncer, porque tinha uma voz dentro de mim, que não queria escutar, mas dizia baixinho "se for câncer, ela vai morrer".
Sei que muitas pessoas se curam, mas todas pessoas próximas a mim (que foram diagnosticadas com câncer ) não se curaram. Então quando escuto o diagnóstico de câncer, eu já me "preparo" (como se fosse possível) para morte. Mas a grande verdade é que não existe preparação nenhuma, e saber que minha sogra estava partindo, muitas feridas (que eu pensava terem se curados) foram reabertas.
Como explicar para uma criança que avó que era uma pessoa tão cheia de vida, que apenas alguns meses estava bem, que passou por um tratamento e fez tudo certinho, não se curou. Isso é uma coisa que não consigo explicar para mim mesma, como explicar isso para uma criança de 3 anos?
Como minha terapeuta disse, antes de acolher a dor do outro é preciso acolher a própria dor.
A minha sogra era uma das pessoas mais bondosas que já conheci, sempre estava pronta para ajudar, e ver a casa cheia com os filhos e netos era sua maior felicidade, neste momento enquanto escrevo consigo escutar a voz dela, alta, as risadas escandalosas enquanto fazia alguma brincadeira junto dos netos, a minha sogra se destacava, ela brilhava.
E foi pensando em todo o brilho dela, que acolhi a minha dor e segurando aquelas mãozinhas pequenas, contei que infelizmente a vovó não melhorou, faleceu e virou uma estrela brilhante no céu, chorei da mesma forma que choro enquanto escrevo e ele me abraçou e depois pegou seu binóculo e me disse "mamãe vou levar esse binóculo pra quando escurecer eu ver a vó Rita brilhante lá no céu"
Por hoje é só…
Um beijo e até semana que vem (eu espero)!
Obrigada por ler!
❤
sinto muito </3 ainda que triste, seu texto foi uma linda homenagem e me tocou muito. um abraço apertado